sexta-feira, 29 de maio de 2015

Solidão e tristeza


A depressão e a angústia. Tão furiosas estão comigo, eu que sempre respeitei o momento delas... O sufoco, a respiração mal feita, o coração que bate errado. Estou no fundo do poço, no lugar mais frio, onde a alma congela e o tempo passa sem que se perceba. O lugar é distante, meu olhar vai longe, mas minhas expectativas são destruídas sem piedade pela insegurança e o medo.

A fúria dos sentimentos negativos resolveu se libertar da cadeia do inferno. Aqui está ela, fazendo o seu detentor sofrer sem chorar. Tão desgraçadas são as dores que apesar de nenhuma lágrima cair, elas estão ali, em algum lugar. O ego derrotado, acabado e sem esperanças de retorno. Por que? Por que fazem mal a quem faz o bem?

Onde foi se refugiar a lei que governa o universo dos fracos e humildes? Uma criatura que sempre foge nos meus sonhos. A única luz com quem sonha o triste e solitário lobo que uiva para a lua. Na floresta perdi meus enigmas, espero que os corvos os resolvam. A morte é o futuro esperado, mas nem sequer enxuguei meu suor.

O que sempre tive foi a ilusão de pensar que havia um sinal no fim do túnel. A minha realidade é outra. Fui arremessado num calabouço frio e sujo. A pena para crimes que não fiz. Um mundo infernal onde crianças morrem de fome e adolescentes morrem de depressão. Os adultos são apenas corpos sem graça e sem fôlego espiritual.


A droga que agita o sangue e circula a euforia não é capaz de salvar o pobre desanimado que se esconde. Não há vez para as vítimas, os assassinos tomaram o poder. E só de saber que não há ninguém olhando para mim... cuidando de mim... Vou ao encontro solitário com o canto obscuro da minha casa. Uma ordem mal organizada no meu cérebro.

Uma grande vantagem que não existe. Não há dias melhores na vida dos fracassados. Quando olho para baixo, penso em tantas coisas... esqueço o julgamento infiel que lança flechas nas minhas costas. Lembro-me somente dos momentos que eu achei que foram bons na minha vida. E o que fazer quando o maior sonhador do mundo tem todos os seus sonhos destruídos?

Não há interrogações suficientes para descrever a tamanha dúvida da existência. Um pecador pregado na cruz deve pagar pelos seus erros? Por que tanto sofrimento em uma sociedade em que ninguém diz que o outro é perfeito? A perfeição é outro enigma que eu perdi na floresta. Não há flores, não há espinhos. O que existe é uma realidade baseada na sobrevivência dos mais fortes e aptos.


Demorei muito tempo para decidir a minha batalha. Acabei sendo atirado no abismo. O ódio voltava os olhos para mim no momento em que eu mais distribuía amor. Quem me salvará? Não há um herói com disposição suficiente para me estender a mão.

Sinto fome... sinto sede... estou jogado no lixo e hoje a noite, ninguém me recolherá. Existem monstros me perseguindo por dentro, na minha mente. E existem monstros me perseguindo por fora, neste mundo estúpido. De que adianta encarar a tudo e a todos se essa guerra nunca acabará?

É um grande desperdício jogar palavras ao esmo quando elas tem um potencial surreal. A prova do medo é um pesadelo que não tem fim. Subi uma escada que me levava para baixo. Mas nunca desci uma que me levasse para cima. Quando os pensamentos se chocam, surge sempre uma coisa nova. Há sempre algo de errado que me faz delirar pelas emoções mais vagas.

Me recordei por alguns minutos de todos que eu já considerei amigos alguma vez. O que são amigos? Não sei mais dizer, acho que não sou mais alguém digno de ter algum. A mente não suporta tanta coisa ao mesmo tempo, um desastre é tão imprevisível... problemas, sugestões inúteis. Sempre haverá um idiota para torturar sua paz.


Hoje nunca acontecerá. O dia acabou e o que passou ficará. Hoje o poeta não escreverá seu poema para expressar seus bons sentimentos. Ele apenas desabafará seus péssimos presságios. O submundo, a desgraça, o péssimo hábito de acreditar que em tudo há confusões. Está é a covardia esperada do guerreiro que dispõe de angústia.

O fim está próximo... o medo vai se aproximando, as noites vão sendo perdidas. Tem uma ferida que derrama o sangue para dentro. Eu sinto as convulsões do meu íntimo. Eu sou um corpo frágil com uma alma poderosa. O que mais posso pensar de mim? O que mais dirão sobre mim? Quem me trará respostas para questões tão difíceis? Hoje, tudo terá um fim... A última esperança é de que haja um recomeço. Mas em dias difíceis onde a solidão e a tristeza dominam o coração, essa esperança se esconde atrás das árvores.

Noctur Spectrus

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