segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Canção da morte interna


Ao cair da morte
Ao elixir, ao ego
Em respeito ao teu nome
Meu Senhor Interno
Ao deixar as sombras
Ao recair, entristecer
Em meio à penumbra
Eu vou te ver
Eu, Super Eu
Detentor da verdade
Sangue ardente
Luz guia da minha eternidade
A última trombeta
Toque melancólico
A ira, a dor
Em meu coração sóbrio
Amargura, sobre o caos
A razão dentro do ser
À noite deixei de respirar
Nas alturas o escurecer...

Noctur Spectrus

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Um gesto por você


Em seus sorrisos encontrei o seu encanto. Não pensava que tão cedo pudera achar algo realmente encantador em você. Talvez eu passei a vida ignorando sua beleza, iludido pela avareza. Você é doce e meiga, mas como toda flor, tem seus espinhos. Você é uma rosa rosa sem cheiro e segredos. Você é um azul azulado com sabor de desejo. Você é, acima de tudo, capaz de se fazer confortável.

Por horas e horas escutei seu choro mas nunca disse uma palavra. Vários dias te encontrei sozinha, mas nunca te estendi a mão. Mas um dia, finalmente, olhei nos seus olhos. Pude ver que fui um tolo em não fazer nada por você durante todo o tempo que passou. Percebi que eu tinha perdido várias oportunidades de ter encontrado aquele olhar. Acariciei os seus cabelos e você parou de chorar... A cena foi tão linda que as vezes se repete quando eu sonho.

Você me encantou e me conquistou, mas meu coração frio te negou. Eu fiz por você apenas o que qualquer outra pessoa de bom caráter faria. Mas mesmo com as atitudes simples que tomei, acabei por abrir meu coração o suficiente para que percebesse que eu não sou um terrível monstro. Eu não podia deixá-la no sofrimento para todo o sempre. Foi uma pena ter que partir e não aproveitar os seus sorrisos que viriam. Mas nunca me esquecerei de nada, este foi um dos principais momentos que vivi na vida.

Noctur Spectrus

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Eu sou


Estou compondo a música da minha morte. Na letra, coloco palavras melancólicas que representarão minha conduta até o inferno. Eu pagarei... sei lá pelo que, mas pagarei... Na verdade, eu sou um ser qualquer com desejos fúnebres. Eu não preciso sofrer, mas optei por isso e continuo optando até agora. Eu insisto na escuridão do meu ser. Não mereço tortura eterna mas intensifico ela no meu coração.

Talvez exista um termo específico para masoquistas sentimentais. A tristeza, a dor e a solidão são prazerosas, mas possuem intensidade flexível. Primeiro elas ficam potentes e podem até induzir ao suicídio. Mas, como me tornei sobrevivente e respeitei ao máximo as situações obscuras, tais egrégoras se enfraqueceram. Hoje eu tento mergulhar no mais profundo buraco negro da minha alma, mas o nada que há lá, não é mais o nada que havia no passado.

É complicado definir o nada. É curioso aliás, quando penso que o nada pode ter diversas definições. Como algo que não existe pode ter várias representações? Como algo que não é, que não está e não existe, pode ter diversas formas de ser compreendido? Filosofia, poesia, amargura, depressão... eu nunca parei. Não nasci para ser feliz, afinal. A felicidade não é busca de todos, pois se fosse, eu também seria um buscador. A felicidade está na satisfação pessoal de estar vivendo conforme suas vontades, mas e se a vontade for a própria tristesa, poderia um indivíduo se feliz estando triste? Não sei, não amo, não odeio. Sou íntegro, mas disperso, sou completo, mas incompleto. Sou tantas coisas e tantas coisas não sou... ouso querer saber e poder.

Noctur Spectrus